Jardim Zoológico de Cristal
de Tennessee Williams
tradução Fernando Villas Boas
Porto
de Tennessee Williams
tradução Fernando Villas Boas
Porto
De 3 a 13 de Dezembro no Estúdio Zero
Terça a Domingo │21h30
M /12
Terça a Domingo │21h30
M /12
encenação Nuno Cardoso
assistência de encenação Vítor Hugo Pontes
cenografia Fernando Ribeiro
figurinos StoryTaylors
desenho de luz José Álvaro Correia
sonoplastia Luís Aly
elenco
Maria do Céu Ribeiro, Micaela Cardoso, Luís Araújo, Romeu Costa
voz e elocução João Henriques
maquilhagem Marla Santos
vídeo Nuno Beira
web João Beira
comunicação Filipa Sampaio
design gráfico João Faria
direcção de produção Mauro Rodrigues
gestão José Luís Ferreira
Depois de “Platonov”, de Anton Tchekov, espectáculo que mereceu uma Menção Especial da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, o Prémio de Melhor Espectáculo do Guia dos Teatros e a designação pelo jornal Público como “Melhor Espectáculo” de 2008, Nuno Cardoso leva agora à cena a peça “Jardim Zoológico de Cristal”, de Tennessee Williams.
Sinopse
Jardim Zoológico de Cristal é uma peça-memória: toda a acção é despoletada pelas evocações de um narrador, Tom Wingfield, também ele personagem da peça. Tom é um poeta aspirante, que trabalha num armazém de sapatos para sustentar a família: Amanda, sua mãe, e Laura, sua irmã. O pai, funcionário da companhia dos telefones, desapareceu há anos e, à excepção de um breve postal, nada mais se soube dele desde então.
Amanda, nascida numa família bem do Sul, presenteia regularmente os filhos com histórias da sua juventude idílica e das dezenas de pretendentes que então a cortejavam. Vive angustiada pelo defeito físico da sua filha Laura e pela sua incorrigível timidez, que a mantêm afastada do mundo e dedicada exclusivamente à sua colecção de animais de cristal. Para lhe garantir um futuro, inscreve-a numa Escola Comercial, unicamente para vir a descobrir que a incapacidade relacional da filha a levou a abandonar as aulas para vaguear sozinha pela cidade. Perante o insucesso escolar e profissional da filha, Amanda decide que o casamento é a única solução.
Tom odeia o seu trabalho no armazém, refugia-se na bebida (repetindo os passos do pai ausente), no cinema (espécie de álibi para todas as suas ausências) e na literatura, para desgosto da sua mãe. Depois de um dos frequentes momentos de discussão entre os dois, Tom cede aos pedidos insistentes da mãe e convida para jantar um seu colega de trabalho, com o objectivo de o aproximar de Laura.
E assim entre Jim O’Connor, um ‘rapaz normal’, confiante no futuro, psicólogo empírico, que descobre rapidamente a natureza de Laura e não consegue evitar jogar com ela o jogo da sedução, concretizando aparentemente os desejos de Amanda e abrindo finalmente o coração de Laura. Porém, como diz Amanda, «as coisas têm uma tendência para correr tão mal» …
Amanda, nascida numa família bem do Sul, presenteia regularmente os filhos com histórias da sua juventude idílica e das dezenas de pretendentes que então a cortejavam. Vive angustiada pelo defeito físico da sua filha Laura e pela sua incorrigível timidez, que a mantêm afastada do mundo e dedicada exclusivamente à sua colecção de animais de cristal. Para lhe garantir um futuro, inscreve-a numa Escola Comercial, unicamente para vir a descobrir que a incapacidade relacional da filha a levou a abandonar as aulas para vaguear sozinha pela cidade. Perante o insucesso escolar e profissional da filha, Amanda decide que o casamento é a única solução.
Tom odeia o seu trabalho no armazém, refugia-se na bebida (repetindo os passos do pai ausente), no cinema (espécie de álibi para todas as suas ausências) e na literatura, para desgosto da sua mãe. Depois de um dos frequentes momentos de discussão entre os dois, Tom cede aos pedidos insistentes da mãe e convida para jantar um seu colega de trabalho, com o objectivo de o aproximar de Laura.
E assim entre Jim O’Connor, um ‘rapaz normal’, confiante no futuro, psicólogo empírico, que descobre rapidamente a natureza de Laura e não consegue evitar jogar com ela o jogo da sedução, concretizando aparentemente os desejos de Amanda e abrindo finalmente o coração de Laura. Porém, como diz Amanda, «as coisas têm uma tendência para correr tão mal» …
O Projecto
Tom: «Eu sou o narrador e, ao mesmo tempo, personagem da peça. As outras personagens são a minha mãe, Amanda, a minha irmã Laura, e um convidado, que aparece nas cenas finais. Ele é a personagem mais realista da peça, o emissário de um mundo de realidade de que nós estávamos de certo modo afastados. Mas, já que tenho uma fraqueza de poeta por símbolos, vou usar esta personagem também como um símbolo. Ele é aquele não-sei-quê sempre adiado, mas sempre esperado, por que vivemos. Há uma quinta personagem nesta peça, que só aparece numa fotografia em tamanho maior que o real, por cima da lareira. É o nosso pai, que nos deixou há muito. Era um homem dos telefones que se apaixonou pelas longas distâncias. Desistiu do emprego na companhia telefónica e foi-se daqui, a cantar à chuva…»
A obra de Tennessee Williams traz-nos uma galeria de personagens singulares, pessoas que são símbolos embora sofram e vivam como pessoas normais. O ‘realismo poético’ que marca toda a sua obra oferece-nos um mundo quase igual ao que conhecemos, mas deslocado para uma leitura simbólica que nos faz questionar estas personagens tal como nos questionamos a nós próprios. Partindo de uma narrativa/memória com fortes marcas autobiográficas, Williams inspira-se em Tchekov para nos oferecer pessoas ordinárias que parecem carregar sobre si as angústias, os dilemas, o desejo de felicidade de toda a humanidade.
A escolha deste texto sintetiza todo um programa artístico: o reexercício, por uma equipa jovem, mas com créditos firmados no seu trabalho colectivo, de um modelo criativo que desafia uma linguagem de aparente verosimilhança e imediatismo mimético para chegar a uma linguagem que ponha em jogo o actor e o espectador português neste ano de 2009. Ou seja, a busca de uma desmontagem, de uma desconstrução, que afirme, paradoxalmente, o construído, o acumulado, na busca de uma linguagem artística do presente.
Nesta peça, a construção cénica complexa – em planos de espaço desencaixados que ilustram uma flutuação entre diferentes planos temporais e emocionais – propõe uma utilização especialmente codificada das áreas de representação, a projecção de legendas escritas e de imagens realistas ou simbólicas, bem como o uso persistente do comentário musical em ligação íntima com o texto, o que exigirá uma orquestração peculiar das diferentes especialidades no sentido de cumprir as disposições do guião proposto por Williams, ou de lhe criar variantes.
A obra de Tennessee Williams traz-nos uma galeria de personagens singulares, pessoas que são símbolos embora sofram e vivam como pessoas normais. O ‘realismo poético’ que marca toda a sua obra oferece-nos um mundo quase igual ao que conhecemos, mas deslocado para uma leitura simbólica que nos faz questionar estas personagens tal como nos questionamos a nós próprios. Partindo de uma narrativa/memória com fortes marcas autobiográficas, Williams inspira-se em Tchekov para nos oferecer pessoas ordinárias que parecem carregar sobre si as angústias, os dilemas, o desejo de felicidade de toda a humanidade.
A escolha deste texto sintetiza todo um programa artístico: o reexercício, por uma equipa jovem, mas com créditos firmados no seu trabalho colectivo, de um modelo criativo que desafia uma linguagem de aparente verosimilhança e imediatismo mimético para chegar a uma linguagem que ponha em jogo o actor e o espectador português neste ano de 2009. Ou seja, a busca de uma desmontagem, de uma desconstrução, que afirme, paradoxalmente, o construído, o acumulado, na busca de uma linguagem artística do presente.
Nesta peça, a construção cénica complexa – em planos de espaço desencaixados que ilustram uma flutuação entre diferentes planos temporais e emocionais – propõe uma utilização especialmente codificada das áreas de representação, a projecção de legendas escritas e de imagens realistas ou simbólicas, bem como o uso persistente do comentário musical em ligação íntima com o texto, o que exigirá uma orquestração peculiar das diferentes especialidades no sentido de cumprir as disposições do guião proposto por Williams, ou de lhe criar variantes.
uma produção Ao Cabo Teatro
em co-produção com Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), Teatro Viriato (Viseu), Teatro Aveirense, Theatro Circo de Braga, As Boas Raparigas… (Porto)
Estúdio Zero - Rua do Heroísmo, 86 (Metro do Heroísmo)
INFORMAÇÕES E RESERVAS
225 373 265
asboasraparigas@gmail.com
estudio0.blogspot.com
espectáculo apoiado pela Direcção-Geral das Artes/Ministério da Cultura