Terra sem palavras (Land ohne Wort, 2008)
de Dea Loher
27 de Março a 11 de Abril*
Terça a sábado: 21.30h
Domingo: 16.00h
*excepto 4 de Abril
Tradução│ Maria Hermínia Brandão
Encenação│João Cardoso
Cenografia│Sissa Afonso
Figurinos│Bernardo Monteiro
Desenho de Luz│Nuno Meira
Sonoplastia│ Francisco Leal
Vídeo│ Victor Leite
Interpretação│Rosa Quiroga
Assistente de Produção│Rosário Romão
Operação de Luz, Som e Vídeo│ Igor Pittella
Construção de cenário│Tudo Faço
Fotografia de cena│ Ana Pereira
Imagem gráfica│ Fuselog
Espectáculo para maiores de 12 anos.
Duração: cerca de 50 minutos
Sinopse:
Uma artista sem nome, sozinha no seu atelier, questiona a finalidade e a própria possibilidade da criação artística. No rescaldo de uma sua visita recente a K. (que pode ser Kabul, no Afeganistão), uma cidade distante destruída pela guerra, ela viu o seu trabalho criativo paralisado. Ela sabe que a arte tem ainda lugar num mundo completamente devastado, mas só na medida em que conseguir articular tal devastação. Não se trata da beleza pela beleza, mas de um labor de revelação, ruminação e realidade. Tentando dar forma pictórica às suas experiências, a artista é confrontada pela inefabilidade dos horrores que testemunhou. Muito embora esteja certa de conseguir captar a imagem de K., ela interroga-se sobre a sua capacidade de manifestar a sua essência, numa torturada e perturbadora mediação sobre as possibilidades e limites da expressão estética.
Texto sobre Dea Loher, de Maria Hermínia Brandão
Um dos autores dramáticos de maior sucesso na Alemanha de hoje, Dea Loher nasceu em Traunstein em 1964. Formada em Estudos Germânicos e em Filosofia, viveu por uns tempos na América do Sul. De volta à Alemanha, instalou-se em Berlim, onde trabalhou na rádio e frequentou um curso de ‘Escrita para o palco’ com Heiner Müller e Yaak Karsunke. Em 1991 estreou no Ernst Deutsch Theater de Hamburgo a sua primeira peça, ‘O quarto de Olga’.
Com um total de 17 peças publicadas (na editora Verlag der Autoren de Frankfurt), é autora ainda de um libretto para uma ópera e de textos em prosa. Foram-lhe atribuídos inúmeros prémios, entre eles dois pela revista da especialidade Theater heute – em 93 e 94, como ‘dramaturga emergente’, e em 2008, pela peça ‘O último fogo’ –, o prémio de incentivo para novos autores dramáticos em memória de Schiller em 95 e o prémio literário Bertolt Brecht em 2006. Considerada uma das vozes mais originais na Europa de hoje, as suas peças foram já traduzidas e representadas em diversos países. Estão publicadas em português ‘Tatuagem’ e ‘Inocência’, em tradução de José Maria Vieira Mendes (nº 34 dos Livrinhos de Teatro dos Artistas Unidos, edições Cotovia). Desta segunda peça há uma outra versão, ‘Imaculados’, de João Lourenço e Vera Sampayo de Lemos, para o Teatro Aberto.
Embora as suas personagens, maceradas por um quotidiano alienado e violento, persigam sonhos que nunca chegam a realizar, não são criaturas fatalistas. Persistentes e combativas, procuram sem cessar respostas que não encontram à sua volta, na vida organizada, nas instituições, num deus em que não acreditam. Se em alguns casos a procura da morte voluntária parece ser a única saída, muitas respostas surgem inopinadamente de um gesto inesperado de amor e de carinho (o emigrante ilegal que oferece a pequena fortuna que achou por acaso para pagar a uma cega a operação aos olhos, a desconhecida que leva a entrevada a passear, em ‘Inocência’, a irmã mais velha, violada pelo pai, que deixa o marido e regressa a casa para se sacrificar pelo futuro da irmã, em ‘Tatuagem’, a mãe que encontra o amor junto do homem estranho que assistiu impotente ao desastre do filho, em ‘O último fogo’). ‘A utopia é um sonho não realizado que ninguém está em condições de perder’.
Após a experiência de uma guerra concreta vivida aquando da sua estadia de trabalho em Kabul, Dea Loher põe em dúvida a capacidade do artista para recriar essa vivência, a desumanidade, a pobreza, o desespero. A exemplo de Brecht, para quem escrever ‘um poema sobre árvores’ era ‘quase um crime’, pois significava um calar sobre outras coisas desses ‘tempos sombrios’ que eram os dele. Mas no caso de ‘Terra sem palavras’ (2007) não é um escritor que emudece, é uma pintora, uma artista plástica, que questiona uma crença arreigada no valor intrínseco da criação artística, confrontada agora com imagens reais a que a sua pintura não consegue corresponder: será a arte capaz de chegar próximo do sofrimento de um ser humano?
Estaremos perante um novo teatro político e histórico, será o regresso do teatro dramático? Chamem-lhe uns moralista, outros trágica, nas palavras de Uwe Wittstock quando da atribuição do prémio Bertolt Brecht, «há uma coisa sobre a qual o mundo do teatro acabará um dia por estar de acordo: a obra de Dea Loher é pura e simplesmente loheresca.»
Bilhete normal: 8 €
Bilhete Estudante, Cartão Jovem, Sénior e Grupos + de 10 pessoas: 5 €
Bilhete Estudante de Artes: 2,50 €
Estúdio Zero
Rua do Heroísmo, 86 (junto à estação de metro do Heroísmo)
INFORMAÇÕES E RESERVAS
ASSÉDIO – Associação de Ideias Obscuras
Rua Nova da Alfândega, nº7, sala 202 / 4050 – 430 Porto
T. 22 33 89 877
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